quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Caos Calmo



Ontem levei um cano providencial do meu personal trainer e fui ao cinema.
Às terças e quintas, 20 hrs, tem a tal "sessão de arte" do multiplex do shopping, meu horário com o personal é terça e quinta, às 19.
Não que entrem filmes muito interessantes, mas, quando há um mínimo de curiosidade, eu vou.
O filme de ontem concorreu no Festival de Berlim desse ano e parece que rolou um bafinho na Itália por uma cena sem manteiga (bocejos), mas eu nem lembrava mais, lembrei durante a cena (ah, isso), aquela coisa, né, cinema italiano contemporâneo, Nanni Moretti, bate aquela preguiça, mas eu tenho prazer em ir ao cinema, sair de casa pra ir ao cinema, dar um passeio no shopping, eu adoro shopping, sentar, tomar um chococcino ouvindo aquela musiquinha ambiente de shopping.
Nem sei o que achei do filme, não fui pra ver o filme, na verdade. Fui pra ir.
É um daqueles filmes que se passassem no Telecine talvez eu nem visse, mas no cinema eu vejo.
Bom, fui pelo nome também, Caos Calmo, que poderia ser o título da minha autobiografia não-autorizada.
A cena de sexo, brusca, deslocada na calmaria do filme, faz todo o sentido, ainda que não tenha me provocado nada, por mais, digamos, enfática que seja.
Eu lá assistindo àquilo como se fosse, hã, Joelmir Beting contando as últimas da crise no Jornal da Band.
Joelmir Beting, suas bochechas rosadas, sua voz e seu rosto desprovidos de qualquer emoção, não sei se a idéia era essa.
Lembrei de uma cena melhor, em 21 Gramas, que nem é um filme que eu gosto muito, mas Naomi Watts e Sean Penn protagonizam a cena de sexo mais triste do cinema.
Há outras cenas de sexo triste no cinema, o próprio Último Tango, mas há erotismo também (sempre há erotismo em Bertolucci), na cena de Naomi Watts e Sean Penn, não há qualquer erotismo, apenas tristeza.
Em Caos Calmo, nem tristeza.
Aproveitei a ida ao shopping pra me empanturrar e escrever a cartinha do meu amigo oculto.
Na fila do Burger King, o carinha que fica com o cardápio adiantando os pedidos pegou na minha mão e perguntou se eu estava cansada, triste, parece surreal, mas comigo é comum, vocês sabem, nem me espantei.
- Tá cansada? Triste? Meu nome é... (não lembro), seja bem-vinda, e estendeu o cardápio.
- Sim, estou cansada, triste e desesperada, um Stacker Duplo, só o sanduíche, por favor.
Não falei, só pensei. Dei um sorriso de boca fechada e disse que já sabia o que queria, fugi dele e fui pro caixa.
Depois, na bancada, com a nota fiscal na mão, esperando meu Stacker Duplo, ele veio de novo, me deu uma canetada no braço e disse que da próxima vez queria me ver alegre, mais um sorriso sem dentes. Ele estava sendo gentil comigo, não fiquei incomodada, só não tinha nada pra dizer mesmo.
2008 vai embora em caótica calmaria e não volte nunca mais.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

sábado, 6 de dezembro de 2008

Eu vi a cara da morte e ela estava viva



Não foi Pedro Cardoso, always looking on the bright side of death, nem as teses nietzschenianas de D. H. Lawrence, foi O Silêncio que me deu vontade de escrever esse post.
Apesar de, no final, ser tudo a mesma coisa.
O Silêncio é um tipo de cinema que sempre me atraiu, cinema fisiológico, o cinema de Ming-Liang, de Cronenberg, de Claire Denis, de Lucrecia Martel...
O prefácio de O Amante de Lady Chatterley é introduzido pela frase: "Estava seguro de que o instinto era superior à inteligência".
E Lady Chatterley não deixa de ser um O Anticristo romanceado.
É um livro-tese e Lawrence, o advogado do corpo.
Até a descrição física do guarda-caça bate com a dele, o guarda-caça do livro, diferentemente do do filme, é um homem ruivo, franzino, de saúde debilitada pós-tuberculose, mas, um leão.
O último Super-Homem, em meio à Inglaterra puritana, emasculada, da Revolução Industrial. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação é O Silêncio.
Sabe quando você se identifica fisicamente com um filme? rs
Da abertura, naquele vagão, à abertura molhada daquele vagão.
Me fascinou aquela construção orgânica, meticulosa, da morte e da vida, juntas, de mãos dadas e portas fechadas.


http://www.youtube.com/watch?v=WlBiLNN1NhQ

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008