sábado, 6 de dezembro de 2008

Eu vi a cara da morte e ela estava viva



Não foi Pedro Cardoso, always looking on the bright side of death, nem as teses nietzschenianas de D. H. Lawrence, foi O Silêncio que me deu vontade de escrever esse post.
Apesar de, no final, ser tudo a mesma coisa.
O Silêncio é um tipo de cinema que sempre me atraiu, cinema fisiológico, o cinema de Ming-Liang, de Cronenberg, de Claire Denis, de Lucrecia Martel...
O prefácio de O Amante de Lady Chatterley é introduzido pela frase: "Estava seguro de que o instinto era superior à inteligência".
E Lady Chatterley não deixa de ser um O Anticristo romanceado.
É um livro-tese e Lawrence, o advogado do corpo.
Até a descrição física do guarda-caça bate com a dele, o guarda-caça do livro, diferentemente do do filme, é um homem ruivo, franzino, de saúde debilitada pós-tuberculose, mas, um leão.
O último Super-Homem, em meio à Inglaterra puritana, emasculada, da Revolução Industrial. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação é O Silêncio.
Sabe quando você se identifica fisicamente com um filme? rs
Da abertura, naquele vagão, à abertura molhada daquele vagão.
Me fascinou aquela construção orgânica, meticulosa, da morte e da vida, juntas, de mãos dadas e portas fechadas.


http://www.youtube.com/watch?v=WlBiLNN1NhQ

2 comentários:

p. disse...

ai, v., odeio trair a intenção dosartistax, mas assim, o cavaleiro é o imperativo categórico kantiano, e que se prende à sua identidade (aquele nominho) e talz. tão dever-ser que não existe.
já gurdulu é o mundo, as pereiras e os patos, os cadáveres, eu e você.

aproveito pra dizer que adorei o post. de muitão.
"Me fascinou aquela construção orgânica, meticulosa, da morte e da vida, juntas, de mãos dadas e portas fechadas." \o/

beijos.

Emmanuelle Kant disse...

Nunca sei quando você está falando sério e quando tá dizuêra, na dúvida, me agarro à 2ª opção.
De qualquer forma, previno-lhe que é proibido citar Kant seriamente neste blog.

Beijos.