sábado, 12 de abril de 2008

Masculin-Féminin



"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira".

Ok, não li Anna Karenina.
Mas essa é a 1ª frase de livro mais famosa do mundo.
E foi a 1ª que lembrei quando assisti ontem The Banishment (o filme do post anterior), de Andrei Zvyagintsev.
Os russos sabem do que estão falando.
Aliás, alguém me explica a afetação de Anna Kariênina?
Muitos dos grandes clássicos em línguas psicodélicas eram traduzidos para a inculta e bela a partir da tradução inglesa ou francesa.
Daí, pra comemorar a 1ª tradução de Anna Karenina diretamente do russo, a Cosac & Naify lançou uma edição lósho, muy auténtica, que, num chilique purista, muda o nome da protagonista: preguiça.
Mas, o post não é sobre Anna Karenina.
E, sim, sobre as famílias infelizes à sua maneira.
O Zvyagintsev só tem 2 longas e os 2 são profundamente marcados pela figura do pai.
Nesse sentido, seria até mais fácil lembrar de Lavoura Arcaica, mas acabei lembrando de um filminho uruguaio que vi no Telecine há pouco tempo, Whisky, que nem é exatamente patriarcal, é um filme sobre um homem solitário, fechado em avareza, de dinheiro e afeto.
O Kleber Mendonça, numa crítica de Brown Bunny (depois da vaia em Cannes, ele se tornou uma espécie de defensor do filme), dizia que a função da personagem da Chloë Sevigny era a de contrabandear amor pra dentro do filme (não sou uma grande fã de Brown Bunny e o boquetchenho da Chloë realmente não me comoveu muito), mas essa definição é perfeita para a personagem da empregada do avarento, contrabandear amor pra vida daquele homem, em vão.
O filme do Zvyagintsev é sobre esse mesmo desequilíbrio, essa mesma vitória do masculino sobre o feminino, em que ambos saem derrotados.

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