segunda-feira, 21 de julho de 2008

Aquele Abraço



E dizia eu que tu falavas demais, gaiata. É verdade que não paravas de falar. Mesmo ou sobretudo sem palavras, com o movimento do teu corpo, a força dos teus abraços em carne viva. Às vezes sacudia-te, só por aflição, imagina, uns desenrascanços de timidez que me punham as moléculas a ferver – não sabia abraçar como tu, percebes? O abraço que me deste naquele fim de ano, já lá vão doze anos – terei sabido recebê-lo? Alguma vez te abracei como merecias?

Prometo não citar a pessoa C.
Apesar de ter sido através da discografia da pessoa C que me lembrei do trecho da Inês Pedrosa.
Hoje baixei um "álbum" que a pessoa C gravou com o Gil em 69.
Álbum entre aspas porque não passa de uma gravação precária do último show que eles fizeram na Bahia antes de partir para o exílio.
No dia seguinte voariam para a Inglaterra com as suas mulheres, as irmãs Sandra e Dedé Gadelha.
Tanto não é sobre a pessoa C que esse post poderia se chamar "Aprendendo a ser melhor com Gilberto Gil".
Na última música cantada no show, composta naquele ano, ele se despede do país que o expulsava, sem nenhuma ironia, com Aquele Abraço.